quarta-feira, 29 de julho de 2009

Delegado da III CNIJMA participa de consulta pública em Manaus e cobra proteção da floresta amazônica

Por Bruno Pinheiro

altNo dia 24 de julho, o jovem Alexandre Lucas Viana Ferreira Souza, de 12 anos, chamou a atenção das autoridades e da mídia ao participar de uma consulta pública sobre o Plano Estadual de Prevenção e Controle do Desmatamento, promovida pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas. Liberado pela escola e família a participar da reunião, falou com propriedade e fez questionamentos certeiros e diretos sobre o Plano.

Alexandre é um dos 669 delegados de todos os estados brasileiros que estiveram em Luziânica (GO), em abril deste ano, para a III Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente (III CNIJMA). Na ocasião, apresentou na escola um projeto de conscientização dos alunos sobre a importância de preservar a Amazônia, foi escolhido para representar a escola na Conferência Estadual e depois foi eleito para a etapa nacional.

Apesar da pouca idade, a atuação do garoto na consulta do dia 24 foi destaque. Tanto que a Agência Envolverde publicou no dia 28 de julho uma matéria sobre a participação do atento e engajado Alexandre na reunião (Jovem de 12 anos pede proteção da floresta durante consulta pública em Manaus) .

O texto destaca um questionamento feito pelo garoto às cerca de 250 pessoas presentes na consulta, direcionada especificamente ao coordenador de políticas públicas do IPAM - Instituto de Pesquisas da Amazônia, André Lima: “através deste plano, como o Amazonas vai combater o desmatamento?”. A resposta poderia estar clara na cabeça de pesquisadores e autoridades, mas a pergunta, clara e objetiva, retrata como a linguagem utilizada nestes processos de construção política precisa ser traduzida para que seja compreendida por toda população.

alt
Quem fez questão de destacar a atuação de Alexandre na atividade foi a secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas, Nádia Ferreira. Para ela, ainda de acordo com o texto da Envolverde, "a implementação deste plano nasce de fato de participações e contribuições como a do jovem Alexandre, ao dar um grande exemplo de cidadania. Ele poderá no futuro cobrar juntamente com a sociedade a efetivação das ações tratadas nesta consulta pública. A luta contra o desmatamento é um dever de todos".

Hoje Alexandre integra o Coletivo Jovem de Meio Ambiente do Amazonas, grupo que desde 2003 atua com as questões de juventude e meio ambiente no estado, articulado na REJUMA com os CJs e outros grupos e movimentos de juventude e meio ambiente de todo o Brasil.

A participação e o sucesso da intervenção de Alexandre na consulta pública é mérito total de sua capacidade pessoal de intervir politicamente. Mas encarando o contexto de desdobramento da III Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente, é preciso reconhecer o potencial concretizado das CNIJMAs de envolver jovens nos processos de políticas socioambientais brasileiras do local ao nacional.

Imagem 1: Alexandre em momento durante a III CNIJMA, em Luziânia/GO (abril/2009)
Imagem 2: À direita na foto, de camisa azul clara, Alexandre era um dos menores integrantes da delegação amazonense na III CNIJMA

Fonte imagens: Comunidade Vamos Cuidar do Brasil no EducaRede


leia mais

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Juventude pelo Meio Ambiente no VI Fórum de EA

Aqui no Anticorpo de Gaia foco na interação e troca de conteúdo com outras pessoas e divulgo informações sobre os movimentos e lutas que participo e apóio. Não tenho o costume de usar o blog como uma espécie de diário, mas desta vez estou passando para algo do tipo.

Estou aqui no Rio de Janeiro, no Colégio Assunção em Santa Tereza. Desde o dia 18 de julho estava acontecendo o IV Encontro Nacional de Juventude e Meio Ambiente, evento que integra o calendário da Escuta Nacional do Programa Juventude e Meio Ambiente. O Encontro está sendo promovido pelos Ministérios da Educação, do Meio Ambiente e da Secretaria Nacional de Juventude e grande parte dos recursos que financiam este importante momento do processo é proveniente de emenda parlamentar do gabinete da senadora Marina Silva.

O Encontro literalmente "acabou de acabar", mas a jornada a continua. A partir de amanhã começa o VI Fórum Brasileiro de Educação Ambiental a atenção da juventude pelo meio ambiente se volta para as articulações e construções em torno das ações, processos e políticas pró-sustentabilidade no bojo da comunidade de educadores e educadoras ambientais do Brasil que compõem a REBEA- Rede Brasileira de Educação Ambiental.

Durante o VI Fórum temos várias frentes de atuação, interfaces mil. Oficina de Mapas Verdes, produção de videos, jornada de juventude e o Tratado de EA, manifestações, a presença e participação das redes estaduais... Pela Ecosurfi vamos divulgar a Aliança dos Surfistas pelo Meio Ambiente e Sustentabilidade.

Vou postando durante estes próximos dias alguns acontecimentos que rolarem por aqui.


leia mais

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Google e agência da ONU criam serviço de monitoramento de CO2 dos países online

O Secretariado da Convenção Quadro sobre mudanças do clima, das Nações Unidas, (UNFCCC), em parceria com o Google e o governo da Dinamarca, criou um novo serviço online (http://maps.unfccc.int/di/map/) que permite a visualização de dados das emissões de gases do efeito estufa dos países através do Google Maps.

O mapa de emissões pode ser apresentado de várias maneiras: emissões nacionais totais ou redução de emissões, emissões ou reduções por setor industrial e mudanças nas emissões em números absolutos ou em porcentagem em comparação com o ano base.

Outro novo serviço oferecido pelo órgão, criado com o intuito de aumentar a transparência dos mecanismos baseados em projetos, é um sistema de arquivos em áudio para melhorar a compreensão sobre o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), com arquivos que tratam desde aspectos introdutórios mais gerais até análises detalhadas dos últimos acontecimentos.

Fonte: Envolverde


leia mais

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Para jovens cartilha de EA do governo de São Paulo é um desfavor

A zebra é branca com listras pretas ou pretas com listras brancas? Não é pegadinha nem piada, esta é uma das perguntas que a cartilha da Secretaria Estadual de Meio Ambiente de São Paulo faz aos estudantes


O Coletivo Jovem Caipira de Meio Ambiente chama atenção da sociedade para uma série de equívocos na "Cartilha Ecológica - Sou dessa turma!", da Secretaria Estadual de Meio Ambiente de São Paulo. Em artigo publicado no portal Flecha de Luz - Conhecimento e Prática dos Anticorpos de Gaia, o grupo analisa o material didático e convida toda a sociedade a repensar a Educação Ambiental (EA) no estado de São Paulo, apontando falhas desde o processo de elaboração ao conteúdo final, até a coerência do material didático com a legislação federal de Educação Ambiental.

Um ponto fundamental da análise é a crítica sobre a abordagem na elaboração do produto. Segundo o texto trata-se de "uma iniciativa isolada da Secretaria Estadual de Meio Ambiente pois não consta (na cartilha e no site) nenhuma indicação de reunião ou planejamento de governo com todos as outras Secretarias Estaduais". Falta de diálogo dentro do governo e também da Secretaria de Meio Ambiente com a sociedade, já que é fato a "ausência de consulta prévia com cidadãos, movimentos sociais, redes e coletivos gestores socioambientais".

Os jovens demonstram como o livro apresenta e impõe padrões de comportamento social, observam que são apresentados animais e árvores exóticos como referência para a construção de saberes ambientais no ensino formal paulista e também a ausência de espécies vegetais da Mata Atlântica. Na contramão da Política Nacional de Educação Ambiental (Lei 9795/99), que estabelece como princípio em seu artigo 4º a "abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais". Com certeza não é olhando pra fora da sua realidade que os alunos aprenderão as relações entre os acontecimentos de suas comunidades com o cenário internacional.

Mais, atestam que ela foi produzida com material que implica altos desperdícios de papel na impressão e questionam a coerência da proposta com tratados e convenções internacionais, como a Convenção de Diversidade Biológica a qual o Brasil é signatário, o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global e Agenda 21.

A "Cartilha Ecológica - Sou dessa turma!" tem como proposta orientar a impĺementação da EA no ensino formal, atrelado à pontuação na diretiva de Educação Ambiental do Programa Municípios Verdes. Na opinião dos jovens do CJ Caipira, o material está sendo distribuído como "ferramenta para alcançar pontuação em EA no jogo do ranking dos Municípios Verdes, a política ambiental descentralizada como diz o site do Programa".

Apesar dos vieses autoritário, simplista e centralizador da Secretaria de Meio Ambiente com a proposta, o Decreto 4.281, de 25 de junho de 2002 (que regulamenta a Lei 9.795/99 - Política Nacional de Educação Ambiental) expressa em seu artigo 5º que a EA deve ser integrada "às discplinas de modo transversal, contínuo e permanente". E diz também em seu artigo 6º que os programas de EA devem ser integrados entre outros, às atividades de conservação da biodiversidade, de zoneamento ambiental, de gerenciamento de resíduos, de gerenciamento costeiro, etc.

Para saber mais, acesse a análise Um desfavor ambiental em SP

Leia também sobre o Municípios Verdes

E conheça a Política Nacional de Educação Ambiental e a Política Estadual de Educação de São Paulo

Crédito imagens: CJ Caipira


leia mais

terça-feira, 7 de julho de 2009

Ministra Dilma confirma erros em seu currículo publicado na Plataforma Lattes


Por  Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil


Rio de Janeiro - A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, reconheceu, hoje (7), erros em seu currículo, publicado no site da Plataforma Lattes, base de dados de currículos acadêmicos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), e informou que o documento foi corrigido.

No currículo publicado no banco de dados, constava que a ministra tinha concluído o curso de mestrado na Universidade de Campinas (Unicamp) e era doutoranda em ciências sociais, na mesma instituição.

Dilma confirmou que não terminou o curso de mestrado, mas explicou que, à época do preenchimento do documento, em 2000, era aluna do doutorado na universidade, embora cursasse economia, e não ciências sociais, conforme registrado erroneamente na Plataforma Lattes.

“Lá tem um equívoco, sim. A parte relativa ao mestrado está errada. A parte relativa a ser doutoranda não estava errada no que se refere a ser doutoranda. Mas está errada no que se refere ao curso que me botaram. As duas coisas foram retificadas”, declarou.

Embora o banco de dados só possa ser atualizado com a senha e o Cadastro de Pessoa Física (CPF) do usuário, a ministra afirmou que não sabe de onde partiram as informações incorretas.

“Aquele documento, com aquele informação [ciências sociais], te asseguro que não [preenchi]. Não sei qual vantagem teria de falar que fiz ciências sociais e não economia, que é a minha ciência pública e notória”, disse a ministra.

Dilma também explicou que, apesar de ter concluído todos os créditos [as aulas] dos dois cursos, não apresentou as teses porque se afastou para assumir cargos públicos. "Não estava gazeteando nada. Não fiz porque estava trabalhando”, justificou.

Durante assinatura de convênios para obras de saneamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), no Rio, a ministra evitou polemizar sobre a crise no Senado Federal.

“Como não estou acompanhando, me manifesto episodicamente sobre a questão do Senado. Como não é minha área, não vou me manifestar hoje.”

A revista mensal Piauí foi a publicação que colocou dúvida sobre informações que constavam do currículo da ministra, publicado no site da Casa Civil. Posteriormente, o jornal O Globo se aprofundou na questão. Com o erro no site da Casa Civil, ficou constatada a informação errada, também na Plataforma Lattes.

Crédito Imagem: Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr
Ilustração: Bruno Pinheiro

Fonte: Agência Brasil


leia mais

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Seja coerente, Katia Abreu

meio ambiente mop 458 katia abreu greenpeace sustentabilidade alimento terrasUma frase muito bela, que fica feia no seu contexto original. "O meio ambiente é um tema da maior importância para o Brasil, não pode ser tratado como um monopólio de apenas meia dúzia de pessoas".  

Ela foi proferida pela senadora Katia Abreu ao plenário na última terça-feira (30), falando também que graças ao "agronegócio que o Brasil está exportando mais produtos agrícolas do que o que compra de outros países".

Uma inversão de valores, eu diria. O Brasil não está exportando menos alimentos que importa porque o agronegócio produz e vende bastante. Compramos menos do que vendemos porque os pequenos agricultores produzem com muito sofrimento os alimentos que mantém a barriga dos brasileiros cheias.

Enquanto os pequenos sofrem, os grandes lucram milhões produzindo para o exterior e, com isto, gozam com a concentração de terras e de poder político e econômico. Os pequenos ralam duro para produzir e ter acesso aos "bens de consumo". Os grandes manejam as estruturas do estado e as decisões políticas em favor da manutenção do controle dos meios de produção.

Katia Abreu, em sua fala, não só ignora o fato de que quase 70% do alimento consumido no Brasil é proveniente da agricultura familiar. Ela ignora também que 8 em cada 10 trabalhadores rurais estão em propriedades com até 50 ha. E também não cita em nenhum momento os efeitos negativos que a produção em larga escala implica no equilíbrio ambiental. 

Pois é, agronegócio significa justamente monocultura e pecuária em grandes extensões de terra buscando produções em níveis industriais. Grandes extensões de propriedades privadas, concentradas nas mãos de poucos, claro. Ou seja, propriedade concentrada, como os 67 milhões de hectares de terras públicas na Amazônia os quais Katia Abreu ajudou a jogar na colo de grileiros com a MP 458, que virou a Lei 11.952.

As monoculturas são comprovadamente insustentáveis. Demandam grande quantidade de defensivos químicos, empobrecem e reduzem a diversidade de microorganismos e substâncias no solo, até a terra ficar infértil para a plantação e ser transformada em pasto.

Um conselho à senadora: se a senhora quer ser coerente com a frase lá de cima, pode começar apoiando a reforma agrária e viabilizando a desconcentração de terras. E também pode estimular a produção agroecológica e ajudar a dar escala às diversas tecnologias sociais criadas pelas agricultura familiar em cooperação com universidades, centros de pesquisa e organizações da sociedade civil. E muito mais fácil, pode poupar a nossa paciência com discursos hipócritas.


leia mais

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Os Pré-Cogs estão chegando

Um ótimo artigo abordando a decisão de STF de liberar a prática da profissão de jornalista da obrigatoriedade do diploma. Vale a pena ler!

---------------------------

Por Ivana Bentes*
Para Carta Capital

precogs meio ambiente sustentabilidade juventude jovemFinalmente caiu o diploma de jornalista. Em votação histórica no Supremo Tribunal Federal.

O fim da exigência do diploma para se exercer o jornalismo no Brasil (como em tantos paises do mundo inteiro) abre uma série de novas questões e debates sobre o campo da Comunicação pós-midias digitais, bem mais interessantes que o velho muro das lamentações corporativas. Agora, será necessário constituir novos “direitos” para jornalistas e não-jornalistas, free-lancers, blogueiros e midialivristas terão que inventar novas formas de lutas, comuns.

O fim do diploma tira da “invisibilidade” a nova força do capitalismo cognitivo, as centenas e milhares de jovens free-lancers, autônomos, midialivristas, inclusive formados em outras habilitações de Comunicação, que eram impedidos por lei de fazer jornalismo e exercer a profissão e que, ao lado de qualquer jovem formado em Comunicação, constituem hoje os novos produtores simbólicos, a nova força de trabalho “vivo”.

Vamos finalmente sair do piloto automático dos argumentos prontos “em defesa do diploma” que sempre escamotearam alguns pontos decisivos:

1. O fim da exigência de diploma para trabalhar em jornalismo não significa o fim do Ensino Superior em Jornalismo, nem o fim dos Cursos de Comunicação que nunca foram tão valorizados. Outros cursos, extremamente bem sucedidos e disputados no campo da Comunicação (como Publicidade) não tem exigência de diploma para exercer a profissão e são um sucesso com enorme demanda. A qualidade dos cursos e da formação sempre teve a ver diretamente com projetos pedagógicos desengessados, com consistência acadêmica, professores de formação múltipla e aberta, diversidade subjetiva e não com “especificidade” ou exigência corporativa de diploma.

2. As empresas de jornalismo e comunicação são as primeiros a contratarem os jornalistas com formação superior. NA UFRJ, por exemplo, os estudantes de Comunicação e Jornalismo são "caçados" pelas empresas que dão preferência aos formados, com nível superior em Comunicação, por que mudariam?

3. Esse papo de "quem é contra o diploma faz o jogo do patrões", é uma velha ladainha, repetida no piloto automático da frases feitas. Raciocínio que é bem mais conservador e retrógrado que o próprio discurso das empresas/mercado que precisa empregar quem tem formação de qualidade. Que precisa de profissionais qualificados,capazes de entender os novos ambientes pós-digitais, capazes de fazer redes e de inovar em diferentes campos.

4. Os jornais já burlam a exigência de diploma pagando os MAIORES salários da Redação aos não-jornalistas, cronistas, articulistas, editorialistas, muitos SEM diploma (a exigência de diploma nunca alterou esse quadro!). As Universidades não precisam formar os “peões” diplomados, mas jovens capazes de exercer sua autonomia, liberdade e singularidade, dentro e fora das corporações, não profissionais “para o mercado”, mas capazes de “criar” novos mercados, jornalismo público, pós-corporações.

5. Nada justificava a "excepcionalidade" do diploma para os jornalistas que criou uma “reserva de mercado” para um pequeno grupo e que diminuía a empregabilidade de jovens formados em cinema, rádio e TV, audiovisual, publicidade, produção editorial, etc. proibidos pelo diploma de exercer.....jornalismo.

Até agora, nenhuma entidade corporativa defendeu nem pensou em uma SEGURIDADE NOVA para os free-lancers, os precários, os que não tem e nunca terão carteira assinada. É hora das associações, federações, sindicatos mudarem o discurso do século XIX e entrarem no século XXI buscando uma nova forma de SEGURIDADE PARA OS PRECÁRIOS, OS NÃO DIPLOMADOS, OS MIDIALIVRISTAS, o fim do diploma aponta para essas novas lutas.

O raciocínio corporativo constituiu até hoje uma espécie de “vanguarda da retaguarda”, discurso, fabril, estanque, de defesa da “carteira assinada” e "postos de trabalho ", quando no capitalismo cognitivo, no capitalismo dos fluxos e da informação o que interessa é qualificar não para "postos" ou especialidades (o operário substituível, o salário mais baixo da redação!), mas para CAMPOS DO CONHECIMENTO, para a produção de conhecimento de forma autônoma e livre, não o assujeitamento do assalariado, paradigma do capitalismo fordista.

A idéia de que para ter “direitos” é preciso se ‘assujeitar” a uma relação de patrão/empregado, de “assalariamento”, é uma idéia francamente conservadora!

O precariado cognitivo, os jovens precários das economias criativas estão reinventando as relações de trabalho, os desafios são enormes, a economia pós-Google não é a Globo fordista, não vamos combater as novas assimetrias e desigualdades com discursos e instrumentos da revolução industrial.

Devemos lutar não por cartórios do século XIX, mas pelos novos movimentos sociais de organização e defesa do precariado, lutar pela AUTONOMIA fora das corporações, para novas formas de organização e seguridade do trabalhador livre do PATRÃO E DA CORPORAÇÃO.

A General Motors nos EUA e as fábricas fordistas não vão falir sozinhas, levarão juntos o capitalismo fabril, patronal, corporativo e o arsenal conceitual, os discursos, que não conseguem mais dar conta, nem explicar, as mudanças.

Acabou o diploma de Jornalismo, mas o diploma/formação de Comunicação nunca foi tão importante! Vamos agora pensar o jornalismo público, o jornalismo do comum! E, antes que eu me esqueça: isso não tem nada a ver com “neoliberalismo”, vamos parar de repetir duas ou três frases clichês!

Existem hoje “revoluções do capitalismo” (titulo do belo livro de Mauricio Lazaratto, inspirado em Antonio Negri e Gilles Deleuze).

Não é a toa que a garotada prefere ir para as Lan Houses ao invés de entrarem para as corporações.

A Comunicação e o jornalismo são importantes demais para serem "exclusivas" de um grupo de "profissionais". A Comunicação e o jornalismo hoje são um "direito" de todos, que será exercido por qualquer brasileiro, com ou sem diploma.

O capitalismo cognitivo está constituindo um novo processo de acumulação globalizado, que tem como base o conhecimento, as redes sociais, a comunicação, o “trabalho vivo” (Negri. Lazaratto. Cocco), existem, claro, novas formas de exploração e assujeitamento, mas também novas formas de luta!

Adeus ao proletariado fabril, diplomado ou não, viva o precariado cognitivo, os Pré-Cogs que estão chegando e são a base da comunicação, base das tecnologias da informação, base da economia do conhecimento, que alimenta a inovação e as novas lutas.

Viva a formação superior em Comunicação, em Jornalismo, viva as Escola Livres de Jornalismo e as novas dinâmicas mundanas de ensino/aprendizado e trabalho “vivo”.

*Ivana Bentes é professora e diretora da Escola de Comunicação da UFRJ, é formada em Comunicação com habilitação em jornalismo. Twitter: @ivanabentes


leia mais

Conhecimento livre é "liberdade de comunicação"

meio ambiente conhecimento livre cultura digital sustentabilidade comunicação libertária
Este manifesto encontra-se originalmente no site FreeCulture.org e a tradução que segue abaixo é creditada a João Carlos Caribé, do Blog Trezentos. Qualquer possível relação do texto com o Projeto de Lei do senador Azeredo, chamado de AI-5 Digital, não é mera coincidência.

Manifesto da Cultura Livre


A missão do movimento da Cultura Livre é construir uma estrutura participativa para a sociedade e para a cultura, de baixo para cima, ao contrário da estrutura proprietária, fechada, de cima para baixo. Através da forma democrática da tecnologia digital e da internet, podemos disponibilizar ferramentas para criação, distribuição, comunicação e colaboração, ensinando e aprendendo através da mão da pessoa comum - e através da verdadeiramente ativa, informada e conectada cidadania: injustiça e opressão serão lentamente eliminadas do planeta.

Nos acreditamos que a Cultura deve ser uma construção participativa de duas mãos, e não meramente de consumo. Não nos contentaremos em sentar passivamente na frente de um tubo de imagem de midia de mão única. Com a Internet e outros avanços, a tecnologia existe para a criação de novos paradigmas, um deles é que qualquer um pode ser um artista, e qualquer um pode ser bem sucedido baseado em seus méritos e não nas conexões da industria.

Nos negamos a aceitar o futuro do feudalismo digital, onde nos não somos donos dos produtos que compramos, mas nos são meramente garantidos uso limitado enquanto nos pagamos pelo seu uso. Nos devemos parar e inverter a recente e radical expansão dos direitos da propriedade intelectual que ameaçam chegar a um ponto onde se sobreporão a todos os outros direitos do indivíduo e da sociedade.

A liberdade de construir sobre o passado é necessária para a prosperidade da criatividade e da inovação. Nós iremos usar e promover o nosso patrimônio cultural, no domínio público. Faremos, compartilharemos, adaptaremos e promoveremos conteúdo aberto. Iremos ouvir a música livre, apreciar a arte livre, assistir filmes livres, e ler livros livres. Todo o tempo, iremos contribuir, discutir, comentar, criticar, melhorar, improvisar, remixar, modificar, e acrescentar ainda mais ingredientes para a “sopa” da cultura livre.

Ajudaremos todo mundo à entender o valor da nossa abundância cultural, promovendo o software livre a o modelo open source. Vamos resistir à legislação repressiva que ameaça as liberdades civis e impede a inovação. Iremos nos opor aos dispositivos de monitoramento à nivel de hardware que impedirão que os usuários tenham controle de suas próprias máquinas e seus próprios dados.

Não permitiremos que a indústria de conteúdo se agarre à seus obsoletos modelos de distribuição através de uma legislação ruim. Nós seremos participantes ativos em uma cultura livre de conectividade e produção, que se tornou possível como nunca antes pela Internet e tecnologias digitais, e iremos lutar para evitar que este novo potencial seja destruído por empresas e controle legislativo. Se permitirmos que a estrutura participativa, e de baixo para cima, da Internet seja trocada por um serviço de TV a cabo - Se deixarmos que paradigma estabelecido para criação e distribuição se reafirme - Então a janela de oportunidade aberta pela Internet terá sido fechada, e teremos perdido algo bonito, revolucionário e irrecuperável.

O futuro esta em nossas mãos, devemos construir um movimento tecnológico e cultural para defender o comum digital.


leia mais
Related Posts with Thumbnails

Template editado por iMaque.net - ProBlogger Template feito por Ourblogtemplates.com

Volta para o topo da página