quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Juventudes latino-americanas estão sub-representadas nas negociações sobre mudanças climáticas

Recebi o e-mail que segue abaixo da Juliana Russar (@jubrcop15), a seguidora (Tracker) brasileira do projeto Adote um Negociador (Adopt a Negociator, em Inglês). A proposta do projeto é acompanhar as negociação sobre mudanças climáticas até a 15ª Conferência das Partes da Convenção sobre Mudanças Climáticas (COP-15), que acontecerá em dezembro, em Copenhagen na Dinamarca, e distribuir estas informações nos seus países de origem por meio das redes sociais.

Eu a conheci em Brasília recentemente, durante reunião do GT de Juventude do Fórum Brasileiro de Organizações e Movimentos Sociais (FBOMS). Um dos últimos contatos da moça foi feito de Bangkoc, onde está acontecendo a 4ª Rodada de Negociações sobre o Acordo Global do Clima (bem poderia ser do "acorda geral para o clima"), também conhecido como Cúpula de Bangkoc.

A Juliana trouxe informações sobre as movimentações da juventude neste processo de negociações internacionais sobre mudanças do clima. Estão lá na Tailândia algumas redes e organizações internacionais de juventude. Segundo ela, as juventude do sul, sobretudo as latino-americanas, estão subrepresentadas no processo, em comparação com grupos de jovens dos países ricos.

A perspectiva geracional, ao meu ver, é uma das questões fundamentais na construção de medidas de mitigação, adaptação e prevenção dos efeitos das mudanças climáticas. E as considerações dos jovens dos países ditos em desenvolvimento, assim como as do líderes de Estado e movimentos sociais destes mesmos países, não devem ser enfraquecidas em relação às dos países ditos desenvolvidos.

Há muita coisa em jogo, isto é um fato. Somente com ampla participação dos setores e segmentos dos países do sul será possível equilibrar a balança das negociações, que correm grande risco de terminar dando em nada de concreto. Isto fica claro pra mim, simplesmente por não me sentir representado pelos políticos brasileiros que estão tocando estas negociações.

Só com vontade política esta questão poderia ser encaminhada positivamente, pois para termos elos de diversos segmentos e setores brasileiros dedicados a acompanhar e intervir nas negociações, a demanda por recursos é alta. O próprio FBOMS, articulação da sociedade brasileira que mais tem se dedicado a intervir nestes espaços nos últimos anos, está com o poder de atuação reduzido em função da falta de recursos.

Por hora, façamos a nossa parte distribuindo informações, sensibilizando e mobilizando sociedade (a começar por nossos amigos, parentes e contatos pessoais) e fortalecendo campanhas e projetos que distribuem estas informações, favorecendo o empoderamento da sociedade, como a Adote um Negociador.

Conheça também outras campanhas de mobilização para a COP-15:



Veja abaixo o e-mail da Juliana.


Pessoal,

Estou aqui em Bangkok, Tailândia acompanhando reunião preparatória para a Cop-15 em Copenhague e conheci o Enrique Maurtua, da Argentina. Ele é encarregado da CAN-América Latina Joven. A CAN é uma rede formada por mais de 400 ONGs que acompanham as negociações internacionais sobre mudanças climáticas, sendo que o ponto focal da CAN no Brasil é o GT Clima do FBOMS.

Desde o ano passado, a CAN tem feito esforços para incluir mais gente do Sul global no processo das negociações internacionais, incluindo jovens. Nesse sentido, organizou várias oficinas. Em outubro, ocorrerão oficinas na América Latina e uma delas é para a juventude. Envio em anexo a programação, ficha de inscrição, apresentação. Haverá uma declaração final da juventude latino-americana sobre as mudanças climáticas para levar para a CoP-15.

Nenhum participante do Brasil ainda está confirmado. Eu ainda não sei se vou poder ir, mas gostaria de encorajá-los a ir, porque é importante alguém do nosso país participar. Infelizmente, a viagem para o Peru não será coberta pela organização do evento. Falei com o Enrique e ele disse que vai tentar fazer conferências por skype para o encontro.

Acompanho as negociações sobre clima desde 2007 e a juventude latino-americana é muito subrepresentada. Nessa rodada de negociações em Bangkok, além de mim, só uma mexicana e o argentino encarregado do encontro da CAN-LA estão aqui. No entanto, há sempre vários representantes da juventude de países do Sudeste asiático, da China, Índia e da África bem organizados. Ainda não consegui entender direito porque isso acontece.

Gostaria de ver muitas pessoas da juventude brasileira participando das próximas rodadas de negociações!

Por Juliana Russar

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